sexta-feira, 30 de maio de 2008

Valeu, Dalton

E aí que ontem foi a despedida do Dalton. O Dalton foi secretário do curso de jornalismo da UFSC por 27 anos. Mas é mentira dizer que ele era secretário: ele, na verdade, era o dono. Era ele quem te colocava nas disciplinas ou tirava delas. Era ele, aliás, quem conseguia que as disciplinas fossem oferecidas. Ele que aplacava ânimos entre professores, alunos e servidores. Ele que conhecia todos os meandros legais e burocráticos para conseguir o impossível para os alunos - sempre os alunos em primeiro lugar. Enfim, o responsável por fazer 99% de quem entrou no curso sair de lá formado - acho que só o Pedro Valente não está na lista, a exceção que confirma regra.

E a despedida é porque ele saiu do curso. Não, ele não se aponsentou, ainda restam oito anos de universidade. E nem quer se aposentar. Se tem uma coisa que o Dalton gosta é de ficar no meio dos alunos. Principalmente porque todos - não, quase todos - saem eternamente agradecidos. Mas ele foi chamado para um cargo de confiança, o que representa muito na carreira dele. Não tinha como dizer não.

Com essa saída, eu tenho pena dos alunos que estão entrando. A vida acadêmica certamente será muito, muito, muito mais difícil. E os professores vão ter que aprender a se virar burocraticamente sem o Dalton. Porque ele é o anti-servidor: enquanto todos usam a burocracia para dificultar a vida do cidadão, o Dalton usava a favor de tudo e de todos. Uma raridade.

E, voltando, ontem foi a despedida. Pobre Dalton! Valeu a intenção dos alunos, agradecidos, querendo prestar uma homenagem e tal. Mas faltou um muito de organização. Marcar um churrasco para as 17h, oferecer cerveja quente - e ela continuou quente até eu ir embora - e não liberar sequer lingüiça e pão com alho até 22h não é propriamente o que eu considero ser um sucesso de evento. Sem contar as luzes muito acessas, sem aquele quê de encontro intimista que sempre teve nas festinhas de jornalismo. Praticamente uma festa de igreja, só que sem a chuleta e maionese.

- Eles não deixaram eu fazer, aí deu nisso - falava com sabedoria e meio ressabiado o homenageado.

Buenas, acabou que não tirei foto. Mas como o Dalton estava com a mesma jaqueta que ele usava nos idos de 98 - ou 99 -, encerro o post com essa foto de outra festa - na Praça Vermelha e com cerveja gelada - como mera ilustração. Bem, era uma festa à fantasia, oks? Eu não costumo sair por aí com ossos na cabeça. Só que, num rompante de criatividade, o Dalton e o Clóvis foram fantasiados deles mesmos. Tá, o Dalton ao menos tentou disfarçar e botou um óculos escuro. A figura central na foto é a Samanta, fantasiada de Robert Smith.

4 comentários:

  1. Depois que você saiu apagaram boa parte das luzes ofuscantes e botaram um som mecânico maneiro. Foi o tempo de a cerveja gelar :) Fiz um microconto baseado na noite de ontem:


    - Sou muito grato pela sua ajuda há vinte anos.
    - Que nada. Mas o que foi que eu fiz? Nem lembro.
    - Nem eu, mas obrigado assim mesmo.

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  2. Fui eu que apaguei a luz po! Tá loco... a galera não tem a manha... é só crééééééééuuu

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  3. Estavam só esperando as crianças irem embora, né? Devia ter saído antes. Grunf.

    Se bem que relatos de quem chegou mais tarde também foram desfavoráveis. Acho que vocês é que já estavam mais turbinados hehehe

    Teu microconto tá perfeito!

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  4. Anacris, podecre! Gostei da homenagem ao feio. Ele salvou a pele desse q vos tecla várias vezes. bju

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Pode escrever aí sem nem pensar, tá tudo liberado.