segunda-feira, 31 de março de 2008

Sorte de existir gente assim no mundo!

Numa rápida saída de casa no final de semana optei por um caminho diferente. Sabe aquelas idéias brilhantes que eu tenho às vezes. Pois é, atolei na areia, pertinho de casa, ou seja, logo depois do fim do mundo.

E não é que lá mesmo, no fim do mundo, no meio do nada, passa um carro ao longe e me vê? O cara estaciona, vem andando, olha pra minha cara de "ih, fodeu!", olha para as crianças no banco de trás e chama dois amigos.

Eles chegam logo em seguida com uma pá. Cavam, cavam, cavam, dão a partida, andam 20 centímetros e atolam de novo.

Aí eu, mal-educada que sou, tento ligar para o seguro.
- Só um instante senhora. É perto da praia?
- É Florianópolis, tudo é perto da praia. Mas não, não é na praia.
- É local de passagem?
- Sim.
- O guincho corre o risco de atolar?
- Sim.
- Só um instante, senhora...


Enquanto isso eles cavam, cavam, cavam - ouvindo meu lindo filho dizer que sabia que ia atolar e só eu que não vi isso - cavam, cavam e tiram o carro de lá. Juro que eles cavaram muito, tanto que acabou a areia, conseguiram chegar num ponto em que era terra dura.

Gente, eles foram os meus heróis!!!

Agradeci muito, mas se você for um dos camaradas que eu não sei nem o nome que moram ali perto do fim do mundo também e ajudaram a desatolar um carro branco no final de semana, obrigada de novo.

sexta-feira, 28 de março de 2008

Sou uma heroína

Meu computador novo chegou e a única maneira de acessar a internet imediatamente era assinar o discador Terra com gratuidade promocional de dois meses. Assinei.

Agora, dois meses depois, cancelei a assinatura em apenas três telefonemas e 20 minutos, sem pagar um centavo.

Morram de inveja.

Ou façam como eu: "Vou mudar de país em 15 dias e meu telefone será desativado amanhã. Não preciso de e-mail. Meu celuar vai ser inativado também. Obrigada."

Coisas que só acontecem na minha família

Minha vó foi para o hospital. Soube que uma úlcera perfurou e aí saquei que já era. Ledo engano: devia parar de ler literatura da década de 50 para me atualizar quanto a probleminhas de saúde que levam os outros para o beleléu.

Ela foi medicada, cauterizaram a ferida no estômago e depois passou três dias em observação. Assim como crianças, idosos exigem acompanhante em tempo integral, houve um revezamento de familiares. Minto: ela é de outra época e sente uma vergonha inominável de que outras pessoas vejam as vergonhas dela, principalmente da família. Jamais permitiria que filhas ou netas ou sobrinhas trocassem um fraldão. Aliás, jamais permitiria que lhe colocassem um fraldão. Mas como não estava em condições de fazer suas vontades, deixamos que alguém que não fosse da família passasse a primeira noite com ela. Assim, não é da família porque não é do sangue, mas trabalha com minha mãe há um bom tempo.

Na primeira noite, enquanto a acompanhante cochilou, a velhota arrancou o soro e saiu. Foi resgatada na rampa. Na segunda noite, minha tia saiu do banheiro a tempo de pegar nosso maracujazinho na porta do quarto.
E o tempo todo murmurava:
- E a Trude, aquela boba. Me colocou aqui para roubar o Paulo de mim.
Pára tudo: quem é Trude e quem é Paulo?


Trude é minha mãe, na verdade Valtrudes. Val para o mundo, Trude para a família. Paulo é meu pai.

Seria uma mãe com ciúmes da nora?

Não. Paulo é o genro. Minha vó Adélia, mãe de minha mãe, foi morar com meus pais há um bom tempo. 10 anos? Mais? Não lembro.
Desde então é ela quem cuida de meu pai. Ele já passou por maus bocados em hospitais, o último há sete anos, quando sofreu um derrame. Desde então ele está um pouco mais velho do que deveria aparentar, um pouco mais lento e com algumas dificuldades motoras. Mas continua com velhos hábitos: acordar 5h da manhã, tomar café, sair, voltar para outro café às 9h, almoçar meio-dia em ponto, tomar outro café às 15h, e outro café às 18h, jantar às 20h e dormir no máximo às 21h. E quem cuida dessas regras todas? Sim, minha vó.

Minha mãe, se alguém tiver a boa vontade e permitir, acorda às 7h, 8h. Foi o que aconteceu no segundo dia em que minha vó estava no hospital. E onde estava meu pai? Descobriu cinco minutos depois, quando ele chegou carregado em casa. Resolveu ir comprar pão - já que minha vó não estava em casa para fazer pão caseiro - numa distância que vai bem uns três quilômetros. Caiu e os vizinhos recolheram. Ele tem saudade da velhinha.

A Vó voltou pra casa ontem, no final da tarde.
- Chegou, fuçou todo o guarda-roupa pra ver se não tinham tirado nada, deitou na cama dela e está dormindo um sono profundo, disse minha mãe.

Acho que ela também tinha saudade de casa, da casa da minha mãe que já é dela - aliás, minha mãe construiu uma casa nova depois que meu pai teve o derrame, uma casa térrea em que meu pai e minha vó se locomovessem com segurança.
Disso tudo só posso dizer que minha mãe que se cuide ou acaba aparecendo no Fantástico. A manchete?

"Mulher é abandonada pelo marido: ele deixou ela e fugiu com a sogra, de 93 anos"

quinta-feira, 27 de março de 2008

Tudo sobre meu novo filme

Hot, hot, hot! Pedro Almodóvar tem um blog para divulgar sua mais recente produção, Los Abrazos Rotos. Como ele não é chinelo como essa que vos escreve, a parada é trilíngüe. Mas enquanto eu escrevo na última flor do Lácio, ele divulga o filme em inglês, francês e, óbvio, espanhol.
Vai lá.
Mas vai com calma: nada de RSS nem de comentários. Mas já é um começo, né?

Update: Ricardo manda link do blog do Fernando Meirelles, feito também para divulgar o mais novo filme, Blindness.
(brasileiro. em português)
Esse foi o recado dele. Com RSS e comentários, essa é minha continuação.
Vai lá também.

segunda-feira, 24 de março de 2008

O bebê de Roman Polanski e Mia Farrow

Lembro bem das propagandas de O Bebê de Rosemary, filme que só passava na Sessão de Gala e criancinhas não podiam ver. Não pude ver.
Lembro da primeira vez que vi Mia Farrow em A Rosa Púrpura do Cairo e de como achei sua voz irritante.
Lembro, finalmente, da primeira vez que vi O Bebê de Rosemary e de como não causou em mim o terror prometido pelas propagandas da infância.

O Bebê de Rosemary não é um horror vulgar, não tem sangue, nem pessoas morrendo, nem mutilações. Além disso, para atingir sua plenitude, depende da fé do espectador, a conhecimento da religião católica, a crença em Satã, o medo do inferno e o pavor de um possível filho do Demo. Mas se uma mãe não acredita em nada disso, oks, ela vai ficar apavorada também. Enfim, revendo o filme o horror brotou. E juro, juro, juro, que não há uma cena, uma música, uma frase, uma atuação, um quadro, nada, nada, nada, que justifique um remake.

Impressionante é a atuação de Mia Farrow e de sua voz irritante e de sua fragilidade sessentista. Só de pensar que Polanski queria uma atriz mais americana, mais saudável, dá calafrios. Mia é tão perfeita que superei sua voz irritante - tudo nela me lembra Shelley Duvall em O Iluminado. Mas logo depois, no making of, já fiquei com raiva dela de novo. Que fique apenas no filme, Mia! Mas ok, admito que sua voz ficou maravilhosa na canção de ninar que embala o início e o final do filme. Pena o trailer não ter ela de fundo:





O que? Ficou curioso e quer conhecer a música? Oks, um passeio pela vizinhança do Dakota ao som de Mia Farrow:



Quanto a Polanski, bem, é eticamente inaceitável que eu fique dando audiência a um diretor pedófilo. Será que a genialidade pode superar a imoralidade? A educação católica que eu tive e que me deu o medo necessário para entender o filme também me faz sentir culpada nesse caso. Culpada ou não, assisti.

E por falar em educação católica, o que levou uma menina criada por freiras a casar com um pseudo-ator? Ê, vida! Esse ponto ficou fraco, ela não parecia tão apaixonada, nem parecia o tipo de garota que saiu do interior brigada com a família. Mas lá estava ela, em Nova Iorque, com o pseudo-ator, sendo uma boa dona-de-casa mas com um look bem modernete.

Quanto ao prédio, eu prometi não falar nada. Mas vá lá, novas gerações devem ler isso: o Dakota é o prédio onde Polanski filmou O Bebê de Rosemary em 67/68. Em 69 Charles Manson e seus seguidores mataram bem longe dali a mulher de Polanski, a atriz Sharon Tate, grávida de oito meses, ao som de Helter Skelter, música dos Beatles. E em 80, em frente ao Dakota, onde morava, John Lennon foi morto por Mark Chapman. Mais curiosidades? Mia Farrow mora ao lado do Dakota e atualmente Madonna é dona de um dos apartamentos do famoso prédio. Convenhamos, ele é lindo, não? E ainda sobre as fofocas de bastidores, Mia Farrow teve que escolher entre continuar filmando em Nova Iorque ou voltar para os braços do marido, o absolutamente maravilhoso Frank Sinatra. Sinatra dançou.

Acabou que a produção foi indicada a dois Oscar: Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Atriz Coadjuvante. Só Ruth Gordon levou, e ainda faturou o Globo de Ouro pelo papel da bisbilhoteira/irritante Minnie Castevet. Lembra da velhota? Não? Ensina-me a viver, a fulanda de 80 anos que fez um fulano de 18 apaixonar-se por ela. Então...

Quanto à iconografia, o pôster original, o verde lá em cima, é muito bom. Mas esse polonês, vermelho, que achei na internet, desenhado por Walkuski Wieslaw também é demais. Muito sexy para Mia, certo? Oks, mas amei as cores e as sombras.

sábado, 22 de março de 2008

You can dance

Trabalho na Sexta-feira Santa, feriado, sem crianças e tendo que escolher entre Célula e Blues. Na prática, a escolha era entre ver viadinhos pulando ao som tuntstunts ou ver metaleiros com a calça atochada balançando a cabeleira. Como meus viadinhos estavam fora da cidade, venceu o nome na porta e lá fui eu para uma noite de metaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaal. Cheguei atrasada. Pena. Não vi Mekron. Mas quero agradecer a quem teve a idéia de jerico de chamar o Mutley para discotecar entre as bandas. Ver uma rodinha de metaleiros dançando e cantando, eu escrevi c-a-n-t-a-n-d-o, Dancing Queen, sim, Abba, foi uma experiência inesquecível. Ok, tenho medo de represálias e me contive para não filmar. Sabe como é, metaleiros são malvados, uuuuuuu. Esse vídeo é para eles. Reparem no tecladista aos 1'28" do vídeo. Depois pensem nos metaleiros. É divertido, juro. E, sabe, achei que a letra da música não poderia ser mais própria para a situação. São pequenos momentos perfeitos que fazem uma noite valer a pena...




******

Anotação para adotar nessas saidinhas bizarras: não deixar que me digam o que eu não quero (nem preciso) ouvir.

sexta-feira, 21 de março de 2008

O primeiro episódio é de graça

Seguinte: não fui abduzida. Também não bebi toda a cachaça do post anterior em cinco segundos e entrei em coma alcoólico. O que aconteceu foi que no Carnaval minha sogra (isso mesmo, não tenho marido mas tenho sogra) me viciou em Lost.
Desde então não tenho mais vida. Não saio. Não leio. Não vejo filmes. Não vou à praia. Não vejo o sol. Não faço amigos.

Simplesmente fico com o coração dividido entre um torturador da Guarda Nacional do Iraque que não corta as unhas e um médico de coluna teimoso e candidato a Loser do Ano.

Acabei a terceira temporada mas não comecei a quarta.

Vendi minha alma até 2010.