quinta-feira, 3 de julho de 2008

Wall-E - O dia em que os anos 80 salvaram a Terra

Misture referências cult, anos 80, degradação ambiental, obesidade e uma história de amor improvável em um filme com pouquíssimos diálogos e me diga: qual a chance disso ser um infantil? Pois é, não sei se Wall-E vai agradar a (todas) as crianças, mas os pais vão pirar na historinha.

A sinopse é simples: um robozinho inspirado em E.T. vive apenas com sua barata de estimação (lógico que elas estão lá no final dos tempos...) no planeta Terra limpando toda a sujeira deixada pelos humanos. Estes estão num cruzeiro espacial maneirão, esperando o planeta estar habitável de novo para voltar. Aí uma robozinha inspirada no iMac chega e descobre - segundo dados do sistema - que já é possível retornar. É só? Claro que não, não vou estragar surpresa de ninguém.

Hora do trailer oficial, ao som de Aquarela do Brasil:


Isso tudo, claro, se passa daqui a muitos e muitos anos. Mas e os anos 80? Vai saber porque diabos, mas eles estão lá com o atari, o VHS (!!!), o cubo mágico e o próprio Wall-E. Anos 80 também no merchandising: já na entrada ganhamos um álbum e quatro figurinhas - sim, vou ter que comprar as outras 196.

As referências, claro, não se restringem a essa década. O Wall-E, vejam vocês, é vidradão em Hello, Dolly! Em duas passagens a referência é 2001 - Uma Odisséia no Espaço. E vou dizer que as imagens impressionistas nos créditos finais são um desbunde.

Pausa para o momento "deixa eu mostrar como meu filho é foda".
"Mãe, olha os girassóis. São do Van Dog, né? Eu gosto mais dele, mas a Cecília gosta mais do Renoir".
Podemos continuar.

Tá, mas e as crianças normais? Ok, admito, esse caldo todo é superambicioso e tinha grandes chances de dar errado. Mas, caramba, é Pixar!!! E só por isso você já paga para entrar no cinema. Tem cenas bem engraçadas em que os pequenos se esbaldam de rir. Além disso, meio-ambiente está na pauta de discussão de todas as escolas, elas vão ficar sensibilizadas com um planeta negro. E desde Shrek elas estão acostumadas com amores improváveis.

Se a preocupação é a ausência de diálogos, esqueça. Os sons de todas as máquinas e robôs são tão fantásticos que quando um humano fala você até sente desconforto. A concepção visual é bárbara, é uma experiência deliciosa e eu muito recomendo cinema e não só esperar sair em DVD.

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