sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

At last! My arm is complete again!

A minha ida ao cinema estava marcada para quinta-feira passada, mas um bater de asas de borboleta na África desencadeou acontecimentos que me impediram. Para completar, no mesmo dia uma quase-tragédia familiar fez com que eu adiasse por mais tempo. Ontem, finalmente, (som de tambores) consegui ver Sweeney Tood, O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet.
Ao meu lado, a sogra, aquela que há uns cinco anos afirmou que jamais veria outro filme comigo depois de quase desidratar com Dançando no Escuro. É, brasileiro não desiste nunca porque tem a memória fraca. Já na primeira cena, quando o camaradinha-leite-ninho canta, um grave suspiro vem da cadeira dela: ela não sabia que era musical. No meu outro lado, a companheira de trabalho-balada-cerveja-cigarro Ana. Boa companhia, tirando a hora em que no auge do meu envolvimento com uma cena grotesca ela lasca um "calma, é só catchup".
Ao que me parece, é inevitável ligar nosso querido barbeiro a Edward Mãos-de-Tesoura, afinal são Johnny Depp, cabelos longos, navalhas e Tim Burton. Mas ainda sustento que o namoradinho da Winona Ryder tinha uma doçura e uma incompreensão de mundo que falta ao Mr. T, o vingativo barbeiro com conceitos pra lá de bem solidificados sobre a alma humana. Se fosse para comparar com outro Depp/Burton eu escolheria a loucura e o sadismo de Willy Wonka, só que numa versão muito, muito, muito sombria.
Aliás, pensei nessa comparação já nos créditos, quando se mostra a Londres de cima e aparece no meio das chaminés cinzas um cilindro com linhas vermelhas e brancas girando (aquilo deve ter um nome próprio, mas eu não faço idéia de qual seja). Aliás, os créditos iniciais me lembram uma Fantástica Fábrica de Chocolate overmacabra. Achei genial que nessa parte foi desenhada toda a sinopse sem precisar de pessoas nem palavras. Tanto que catei no YouTube para mostrar. Enjoy it:



No mais, o filme faz referência a Hitchcock, tanto no quesito musical quanto na técnica narrativa. A cada vez que um elemento novo é inserido na história, você já sabe o que ele vai fazer ou o que será feito com ele. Mas você não sabe como nem quando. E é aí que reside os grandes momentos de tensão e suspense. Só que o sangue que faltou em toda a obra do velho Hitch aparece de sobra no barbeiro. É bom estar preparado.
É bom estar preparado, também, para as músicas. Nem sempre são bonitas, nem sempre são melodiosas e às vezes você suplica para que nem comece. Mas dou o braço a torcer: no quesito musical Johnny Depp não decepciona e Helena Bonham Carter arrasa. Dureza é ouvir os jovenzinhos Jamie Campbell Bower e Jayne Wisener. Ele esteve muito bem no papel de imberbe-tolo-apaixonado e tem um quê andrógino e uma certa estranheza que me faz apostar que aparecerá em outros Burton. Já a loirinha-Julieta-aprisionada não tem nada demais. Saudades de Cristina Ricci e da já citada Winona.
E como não se pode deixar de dizer ainda agora, a estética e o cenário são partes pulsantes na história e isso Tim sabe como comandar. Londres está tão suja, tão sombria, tão demoníaca quanto os sentimentos do barbeiro. Com tudo isso, o filme concorre em três categorias do Oscar: Melhor Ator, Figurino e Direção de Arte.
Ah, e para a Gica, que anda se aventurando pelo mundo das barbas, Mr. T traz um modelo muito bom. Palavras dele: I can guarantee the closest shave you'll ever know.
O quê? Querem o trailer também???? Ok, aí vai:

Um comentário:

  1. A exceção à imagem sombria de Londres no filme fica por conta da deliciosa seqüência de imagens com os devaneios da confeiteira psicopata em ter uma vida feliz ao lado do serial killer babeiro. Nos sonhos da personagem de Helena Bonham Carter, o diretor optou por cenas cenas alegres, coloridas, ensolaradas e humoradas. Ou seja, Tim Burton, "desse um banho!"
    Ahhh... sim, foi mal lembrar do catchup Ana... foi uma baita falta de etiqueta cinéfila!

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